segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Maturação





Se o meu dia amanhecer se derramando, 
terei a certeza de que as águas que caem
do céu trazem bons presságios,
e as que escorrem de mim levam aquilo que 
não mais me acrescenta.


Aline Larissa

domingo, 25 de novembro de 2012

Órion






Nem todas as pessoas do mundo vivem em si conectadas.
Andam por ai vagando por constelações diversas, 
esperando o trem que leva a outras galáxias.
Almas que não cabem na terra, na tela, na realidade. 
Corpos que abrigam inquietantes certezas de imensidão, 
vasta e ilimitada, inatingível para esta dimensão.

Centelhas que esperam ansiosas, o passar de cada ano-luz.


Aline Larissa Leite de Araujo



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Estilhaços




Estilhacei-me e não quero me recolher.
Não estão meus pedaços perdidos por ai...
Estão em cada qual!
Muitas partes não quero mais. Sinto-me indiferente diante delas.
Parecem-me organismos estranhos que meus anticorpos foram treinados a eliminar.
Estou me negando, buscando ser todas as faces que ainda não fui!

Aline Larissa Leite de Araujo

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Indelével




Se for pra ascender, que seja por esforço próprio.
Caso contrário, permaneço onde estou: medíocre, limitada, imóvel.
No peito não trago medalhas, cultivo valores.
Nos ombros nenhum cinturão, só o peso da justiça que prezo em constante evolução.
Se de tudo eu me mantiver a margem das falsas ilusões, e imune aos que mentem, enganam e subjulgam, obterei o mais importante:
o coração límpido e a alma indelével!

Aline Larissa Leite de Araujo

terça-feira, 5 de junho de 2012

(A) temporal




O que a gente precisa saber é que o aprendizado é demorado, 
e mais ainda que o tempo não cabe em si.
Segundos, dias, anos...
Nossa ampulheta sentimental ignora ponteiros.
Nem sempre é meio-dia quando alimento minha alma,
quase nunca é meia-noite quando dou descanso a ela.  

Aline Larissa Leite de Araujo

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sob sonhos



Glórias de papel. Certezas como castelos de cartas de baralho.
Basta um sopro. A gota d’água.
Folhas no Outono, encerrando seu ciclo, nutrindo o solo, 
pisoteadas ao vento.
Como sonhos que perdemos num dado momento, que deixam de ser nos galhos da nossa compreensão e perdem-se no chão de nossas incertezas.

Aline Larissa Leite de Araujo


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Nossas tantas estações



O tempo não nos tira nada.
Permanece intacto enquanto pousamos nossas culpas nele.
As estações pouco se importam se seguimos a tendência da moda.
O outono passa a ser inverno, e só.
A natureza em nós é que se altera, de maneira silenciosa e austera.

Aline Larissa Leite de Araujo

domingo, 27 de maio de 2012

O que também digo para mim




Pega o que te dizem, filtra o que te presta.
Ignore o que não convém e não se importe em desapontar os teus.
Ninguém está dentro de ti para saber.
O passo que ora dá, interrompido pelas circunstâncias, não perdeu o valor.
Mais vale andar em círculos espirais, que parado esperando acasos.


Aline Larissa Leite de Araujo

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Taciturno




Ciclos.
Os que fechamos. Os que a vida se encarrega de fazê-lo.
Os ritos de passagem podem ser tradicionais, previstos, calculados.
Mas também podem ser inesperados, ocasionados por situações diversas.
A queda, a felicidade instantânea, aquela manhã que se deu diferente.
Uma música, um tropeço, o ombro amigo.
Os ritos de passagem que criamos são fundamentais,
ainda mais quando surgem em momentos taciturnos de nossa alma.


Aline Larissa Leite de Araujo


Nossas ideias não são só nossas... 
São fruto do nosso confronto interno e como outro. 
Dedicado á Lízia Lima!


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Tecendo pensamentos e ações (4)






Sou um discurso mal fundamentado.
Perco-me entre o que falo e faço.
Pratico coerências de tempos em tempos. 
Esquivo-me de respostas em prol da minha própria desconstrução contraditória.
Ora acresço-me, ora diminuo. 

Aline Larissa Leite de Araujo

domingo, 13 de maio de 2012

Segundo Domingo de Maio



O dia pode até mudar, mas a semana será sempre a mesma.
Todo segundo domingo de Maio é dia de homenagear as mulheres que emprestaram seu ventre para que viéssemos ao mundo.
Muitos vão dizer que isso é tática de um sistema capitalista que nos induz a consumir... 
Outros tantos passaram o dia imerso em memórias na falta da presença física de sua genitora.
Certo é que o Dia das Mães é digno de ser celebrado com presentes ou não, por aquelas que se foram ou aqui estão. Ser mãe é receber de Deus o dom incondicional de amar.
De se dar sem receber, de ser para que o filho viva.
A despeito de todas as frases feitas que cercam esta data, nunca é demais dizer que nossa mãe compõe grande pare daquilo que é da gente. Mesmo que não percebamos, temos mais delas do que podemos imaginar.
Desta forma, proponho que o segundo domingo de Maio deste ano seja diferente. Não somente de presentes, mas também de harmonia e reflexão. Pois é preciso certa sensibilidade para perceber o universo materno e suas nuances.
E isso, só quem é mãe sabe!
Feliz Dia das Mães para todas as que já se encontram neste estado de graça.
Feliz Dia das Mães para as que um dia ainda alcançarão esta dádiva.
Feliz Dia das Mães para todos nós que trazemos algo de sublime de nossas mães dentro de nós!


Aline Larissa Leite de Araujo

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ode




Ode aos fantasmas de carne e osso que me rodeiam.
Não os odeio, apenas temo que dos vivos eles venham me afastar.
Ou que minha imaginação chegue a tal ponto que eu me perca e não saiba voltar.
Mas não desisto!
Preservarei o quanto puder certo grau de realidade, que venha me salvar, que venha quando puder!

Aline Larissa Leite de Araujo

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Torre de Babel



Por aqui, silêncio. Estou me ouvindo.
Nunca estou calada por dentro, meus pensamentos emitem sons que desconheço.
De tão rápidos me parecem estar em outra língua, num vocabulário que não aprendi.
Atento-me. A Babilônia da minha mente me confunde.
Acentuo-me. Exclamações, interrogações, reticências.
A poesia e a prosa do que imagino preenchem de significado as coisas vãs.

Aline Larissa Leite de Araujo













Vale o quanto pesa?





Temer. Ter medo de...
É diferente. É engraçado.
Não há por quê, mas mesmo assim se sente.
O mesmo lado da rua, da cama, da vida.
O não arriscar-se muitas vezes por não saber fazê-lo.
O medo do medo. A segurança do mesmo.
O preço a se pagar é a mesmice, o inatingível, o não sonhar.
Vale o quanto pesa? Quem saberá? Importa saber?

Aline Larissa Leite de Araujo

sexta-feira, 30 de março de 2012

A terceira lei



A força que delego a algo ou a alguém vem de mim.
A lei de ação e reação também age sobre os sentimentos, fazendo de nós eterna parede de sensações.
Eu decido o que quero emanar, para assim estar apta a receber.
Se a parede de lá nada me devolve é hora de dar as costas e ir adiante, em outra esquina, para outro instante!

Aline Larissa Leite de Araujo

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ca(fé)


Talvez certas mágoas assemelhem-se a língua queimada de café.
Fruto de uma ansiedade por vezes dispensável, do sopro de ternura que não veio.
Incomodo.
E quando você pensa que passou, a mágoa ou a língua manifestam-se, sensibilizadas pelo ardor, pela dor.
Nos dois casos o tempo tem me parecido preciso para anuviar o desconforto.
De todo modo, se faz necessário que queimemos a língua e o peito, a alma e a boca.
Não haverá sapiência que se faça em circunstâncias refrescantes, ou crescimento edificante que não venha do conflito com sentimentos inferiores.

Aline Larissa Leite de Araujo

quinta-feira, 22 de março de 2012

Shhhh



Muitas vezes as pessoas só querem dizer...
Não precisam da opinião que ora julgas relevante.
A faculdade de ouvir precisa ser valorizada, puramente,
sem juízos de valor.
Palavras em demasia desgastam no sentido.
Devemos escolhê-las com cuidado.
E sobre tudo, necessitamos perceber o momento de falar.
Portanto, se eu me calar num dado momento, compreenda-me...
Meu silêncio é minha maior prova de respeito ao seu clamor!

Aline Larissa Leite de Araujo

domingo, 18 de março de 2012

Raro


Eu não me interesso pelo que é comum.
Tão pouco pelos sentimentos que todos insistem em cultivar.
Cada um de nós sente de uma forma, querer que tudo esteja igual,
vulgariza as coisas,  diminui os momentos, inverte os valores.
Deixe-me com minha mania de acreditar nas pessoas, de esperar
o melhor de cada uma delas, e sobre tudo, de me decepcionar.
Somente assim aprenderei.
De tudo o que é efêmero, das riquezas passageiras, a despeito daquilo
que as palavras possam conceituar, deixe-me no silêncio das minhas memórias.
Ao meu lado quero os loucos, que assim como eu, esperam de si e do outro algo maior!


Aline Larissa Leite de Araujo

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tecendo pensamentos e ações (3)



Não espere que a nuvem do acaso deságue sobre você fortunas mil.
Oportunidades não surgem como repentinas tempestades de verão.
Movimento é o estado que nos leva mais próximo da completude, se não pelo sucesso, pelo menos pela graça do tentar.


Aline Larissa Leite de Araujo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Estático



Sou do tamanho que nem sei.
Transbordo risos e agonias.
Movimento os olhos dentro do mesmo espaço.
Nada enxergo.
Vivo dos vultos que cultivo na mente.
Dos livros que não li, dos discos que ainda não tenho, 
de tudo que ainda não vi.

Aline Larissa Leite de Araujo

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Lembrete




Despoje-se do orgulho, e então viva.
Do contrário feche-se na incerteza.
Desdenhe do medo.
Do contrário, recolha-se a covardia.
Confronte as possibilidades.
Do contrário permaneça no não da sua existência.
Mas não se iluda, o correr da vida não fará as escolhas por você.


Aline Larissa Leite de Araujo

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Leve





Não se iluda. Não há nada de palpável que se leve.
Seja leve. Deixe pelo caminho os fardos que não pode carregar.
Ignore a pele. A carcaça que nos protege também pode nos ilhar.


Aline Larissa Leite de Araujo

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Entre o meio e o caminho




Outros são os tempos e só você pode dizer onde não cabe mais. Dentre as roupas, os pensamentos e os espaços... Tudo vai depender das suas prioridades, que incertas, escondem o que poderia ter sido.
Mas conjugar verbos no passado nos enche de “nãos”. Esvazia o sentido daquilo que de fato foi escolhido.
A cada época sua imaturidade e desejo, a cada espaço o rótulo que te define, e a cada pensamento, a formação das ideias, pelo meio e o caminho. O de fora e o interior. 


Aline Larissa Leite de Araujo

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Equívocos


Palavras e significados. Os que atribuímos. Os ditos reais.
O ser pensante e a sua necessidade de conceituar pessoas, objetos, sentimentos, acontecimentos.
Passamos uma vida criando certezas, elaborando respostas, alimentando verdades.
Tudo em vão.
As grades invisíveis que protegem o que acreditamos flutua entre as ideias, não tem sustentação. Vagueiam pelo tempo, desmoronam sem razão.
Equívocos são bênçãos para os que buscam. Ajudam a desarmar as falsas certezas.
Quanto a isso posso também estar equivocada. Tudo vai depender do conceito que você der as minhas palavras.

Aline Larissa Leite de Araujo



domingo, 15 de janeiro de 2012

Eu?




"Tá todo mundo por ai, e você, por que não está?"
Meu "eu" sempre com perguntas que não sei, não quero, ou não posso responder.
Tanto faz onde estou. Antes mesmo somente aqui estivesse, e não a vagar pelos cantos da minha induzida inconsciência que insiste em se manifestar.



Aline Larissa Leite de Araujo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Amar(ras)




Amarras a gente desfaz...
Mais ainda se o elo mais forte está do lado de cá de qualquer situação. 
Lembranças, a gente faz sumir com novidades, sobretudo aquelas que nos assombram unilateralmente.
Saudade, a gente racionaliza e põe no peito pedra, pra que o vento do tempo não nos traia. 
Vida a gente leva, virando a página, mudando de cena, desapegando-se paulatinamente.






Aline Larissa Leite de Araujo